CABO DA BOA ESPERANÇA
Promontório no sul da África, localizado nas coordenadas 34° 21' 24.63" S, 18° 28' 26.36" E, na província do Cabo Ocidental (Wes-Kaap / Western Cape), África do Sul. O nome foi traduzido noutras línguas. Em africânder é Kaap die Goeie Hoop (do neerlandês Kaap de Goede Hoop) e em inglês é Cape of Good Hope. Dada a sua importância para os navegantes, é muitas vezes chamado simplesmente o Cabo, ou the Cape em inglês.
O Cabo da Boa Esperança foi dobrado pela primeira vez pelo navegador português Bartolomeu Dias, na expedição de 1487-1488, dando-lhe o nome de Cabo das Tormentas*, em alusão às condições tempestuosas da zona. D. João II chamou-lhe Cabo da Boa Esperança na expectativa de chegar às riquezas do Oriente contornando a África pelo sul. O nome ficou, foi traduzido, e deu origem ao nome da vizinha Cidade do Cabo (Kaapstad / Cape Town), assim como os nomes das colónias neerlandesas (Kaapkolonie) e britânicas (Cape Colony) na região e das províncias na moderna República da África do Sul.
Apesar de mais famoso, o Cabo da Boa Esperança não é o mais meridional da África, nem o mais proeminente na zona. A Ponta do Cabo (Kaappunt / Cape Point), a cerca de 2 km para este, na mesma Península do Cabo (Kaapse Skiereiland / Cape Peninsula), é mais proeminente e tem um farol. A praia entre os dois pontos (na imagem) tem o nome de Dias, em honra do navegador português. Além disso, o Cabo das Agulhas, cerca de 80 milhas náuticas (150 km) a sudeste do Cabo da Boa Esperança, nas coordenadas 34° 49' 43.39" S, 20° 0' 9.15" E, é que é de facto o ponto mais meridional de África e divisão entre os oceanos Atlântico e Índico. Contudo, hidrograficamente a divisão mais rigorosa destes oceanos é o ponto de encontro da Corrente das Agulhas com a Corrente de Benguela, que varia ao longo do ano.
O Cabo da Boa Esperança e a sua rota foi muito importante para a expansão marítima ocidental e ainda é para a economia mundial, para os navios que não passam no Canal do Suez. Depois de Bartolomeu Dias, Vasco da Gama abriu o caminho marítimo para a Índia pela Rota do Cabo, ou Carreira da Índia, iniciando a globalização do comércio e das relações humanas.
Na terminologia da marinha mercante, Capesize refere-se aos navios de dimensões superiores a Suezmax (os que passam no Canal do Suez) e que têm de contornar o continente africano pela Rota do Cabo.
Para além do velho Adamastor no Cabo das Tormentas, uma lenda afirma que os fantasmas da tripulação do Holandês Voador (De Vliegende Hollander) assombram o promontório e as suas águas. Uma das versões do Holandês Voador é baseada no facto real dum navio que saiu da Holanda em 1680 e foi vítima duma tormenta no Cabo da Boa Esperança, que o capitão insistiu em dobrar.
Uma réplica da caravela de Bartolomeu Dias, construída em Portugal, encontra-se no Bartolomeu Dias Museum Complex, em Mosselbaai / Mossel Bay, África do Sul.
* O Cabo das Tormentas n'Os Lusíadas, de Camões, Canto V-50:
«Eu sou aquele oculto e grande Cabo,A quem chamais vós outros Tormentório,Que nunca a Ptolomeu, Pompônio, Estrabo,Plínio, e quantos passaram, fui notório.Aqui toda a Africana costa acaboNeste meu nunca visto Promontório,Que para o Pólo Antarctico se estende,A quem vossa ousadia tanto ofende.»
Texto baseado no publicado em https://salvador-nautico.blogspot.com/2020/03/cabo-boa-esperanca.html
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