MARANHÃO
Estado do Nordeste do Brasil, com capital em São Luís.
Para além do Amazonas, diversos rios foram denominados Maranhão no período colonial, registado Marañón em castelhano. Uma parte do Amazonas, chamado Maranhão, deu nome à ilha do Maranhão (a ilha de São Luís) e, por extensão, passou a denominar o território do atual estado. No entanto há indícios que a ilha já teria esse nome, ou semelhante, antes da chegada dos europeus.
Xavier Fernandes assinala que o topónimo Maranha existia no Minho, com o significado de «grande matagal», e que também já existia a aldeia alentejana de Maranhão, no concelho de Avis.
Leite de Vasconcelos liga o antropónimo Maranhão, como o feminino Maranhoa, ao topónimo minhoto Maranhas, existindo também em Espanha Marañón (no sudoeste de Navarra) e Maraña (norte de Leão). Os topónimos Maranhão, Maranha, Maranhas e Maranhoa encontram-se em várias regiões de Portugal. Teriam origem no vocábulo maranha, em castelhano maraña, provavelmente de raiz pré-romana, com o significado de «fios embaraçados, mistura, confusão, intriga». De maranha derivou também emaranhar. Tendo maranha também o significado de matagal, a aldeia alentejana do Maranhão «deve ter recebido o nome dos matagais que ali cresciam, (...) isto é, uma grande maranha». O nome do Maranhão alentejano teria sido aplicado também ao Maranhão brasileiro, com os seus matagais e emaranhadas selvas.
Há quem defenda que o Maranhão brasileiro derive do antropónimo castelhano Marañón. Em castelhano, maraña é igualmente um dos nomes comuns do carvalho-dos-quermes, carrasqueira ou carrasco (Quercus coccifera). O vocábulo maranhão também significa «grande mentira». Nas Beiras, maranho é um prato preparado com bucho, geralmente de carneiro.
José Pedro Machado associa Maranhão a Marão (norte de Portugal), com origem obscura, eventualmente do antropónimo latino Maranus ou Maranius; ou do celta mar(os), «grande», anteposto a ran(da), «limite»; ou de maromb, acusativo de maro, também céltico mas latinizado.
As formas Maranhão / Marañon, Maranha e Maranhas podem ser apenas coincidência formal, em que ocorrem semelhanças de um termo no significante e no significado, pelo que a origem tupi também pode ser considerada. A forma primitiva mara- ou para-, «grande caudal, mar corrente», originou topónimos em que a forma mara- se alterna com para- e bara- e é bastante usada para designar águas e grandes caudais.
A historiadora do sul do Maranhão, Carlota Carvalho, afirmou que o nome deriva de Mará nhon, de mara, «briga», e nhon, génio oceânico indígena. Lorenço Rodrigues Ferreira propõe que o tupi maraió (Marajó) nasalizou-se em Marayão, depois Maranhão. Luiz Caldas Tibiriçá apresenta Maranhão como étimo oriundo do nheengatu mara-nhã, «corredeira, correnteza», derivado do tupi mbarãnhana, pará-nhana, «rio que corre».
A partir das duas Capitanias Gerais do Maranhão e do Grão-Pará, no século XVII foi estabelecido o Estado Colonial do Maranhão, distinto do Estado do Brasil, compreendendo os atuais estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Amazonas, Amapá e Roraima. Foi depois denominado Estado do Maranhão e Grão-Pará, reestruturado, no século XVIII, como Estado do Grão-Pará e Maranhão, que abrangia o território atual dos estados do Maranhão, Amapá, Amazonas, Pará, Piauí e Roraima. Em 1772 foram criados os Estado do Maranhão e Piauí e o Estado do Grão-Pará e Rio Negro. Em 1811 foi criado, com a anterior denominação, o Estado Colonial do Maranhão, que durou até 1822, tornando-se depois uma província do Brasil independente.
☛ Ver também:
- Estados e Regiões do Brasil.
- Maranhão, Alentejo, Portugal.
- Pará.