CAMO e CAMÕES
O apelido do poeta português Luís Vaz de Camões tem origem toponímica, como denota a proposição "de" antes do nome. O solar dos Camões situa-se na paróquia de Camos (Santa Baia de Camos), concelho de Nigrám, comarca do Vale de Minhor, Galiza. O seu trisavô, Vasco Pires de Camões, era um trovador e fidalgo galego que se mudou para Portugal no tempo de D. Fernando I, o qual lhe atribuiu várias terras.
Há registos de Santa Baia de Camos como Sancte Eolalie de Caamones, Sancta Vaya de Camones, Camoes, etc. O étimo pode ser *calamones, tal como para Caamanho (em Porto de Oçom / Porto do Som), evoluindo por diversas fases até Camos. Na origem, pré-latina, de *calamones pode-se identificar o elemento cal-, «pedra», eventualmente também presente em Cale (Portus Cale, Portucale).
Outra hipótese para a origem do topónimo Camos é a ave chamada camão ou caimão (Porphyrio porphyrio). O próprio poeta Camões usou esta palavra camão. Há ainda a possibilidade de Camos derivar do latim calamu, «cana».
Quanto a Luís de Camões, já foi descartada a suposição de na genealogia de Camões haver dois ramos da mesma família galega, Camoens e Camanhos, estes com origem no castelo de Cadmo ou Camom (no cabo Finisterra). Este castro ou castelo estaria ligado ao herói Cadmo (Κάδμος) da mitologia grega, fundador de Tebas. Esta relação explicaria a serpe (serpente ou dragão), que Cadmo matou e na qual foi transformado, que se encontra no brasão dos Camões portugueses.
O topónimo Camões encontra-se em pequenas povoações das freguesias de Maranhão, concelho de Avis, no Alentejo, e Juncal do Campo, concelho de Castelo Branco, na Beira Baixa.
Camões é também uma cratera em Mercúrio. O nome foi aprovado pela União Astronómica Internacional em 1976, em homenagem a Luís de Camões.
Camoês e camoesa são variedades de peros e maçãs. Provavelmente têm origem no gentílico de Camos.
"Fortuna, Caso, Tempo e Sorte", Isabel Rio Novo, 2024.
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